sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim do mundo? Atomic Runner - Chelnov

Trinta créditos ainda é pouco para zerar esse jogo tão difícil  porém tão envolvente
E hoje o mundo acabaria. Ainda bem que não acabou porque assim o visitante terá a chance de conhecer e, se quiser, jogar esse excelente jogo: Atomic Runner - Chelnov. Sendo assim, farei uma homenagem a esta data falando deste título apocalíptico.


Esse jogaço fez a minha cabeça por muitíssimos anos. A experiência que ele me trouxe foi única e até hoje eu não deixo de lembrar dos mínimos detalhes que ainda guardo na minha memória. Tudo começou em 1989, no fliperama do Edmundo, que se localizava em uma cidade vizinha à minha. O Edmundo era o cara que vendia as fichas para a molecada se divertir e jogar até perder a sanidade mental. Como já disse em vários posts anteriores, na década de 1980 houve uma grande variedade de jogos para videogames e fliperamas. Pinballs também. Chelnov foi uma quebra de paradigmas sem igual, pelo menos para mim. Nunca vi algo assim até então.

É possível atacar os inimigos pulando neles também, que nem no Mario ou no Rygar
O Ed costumava fazer um "preview" dos jogos que chegariam no fliper. O dono (chama-se Roberto) falava para ele sobre os planos de trocar as máquinas, pois ele tinha muitos jogos e a rotatividade era muito grande. Ele tinha máquinas espalhadas em muitas cidades daqui de Brasília. Eu era um grande amigo dos dois e o Edmundo havia me dito o seguinte:

"Rafael, está chegando aí uma máquina que vai fazer muita gente ficar doida. É um jogão. O nome dele é 'GUERRA NO IRAQUE'". Eu ri muito mesmo. Achei o nome totalmente ridículo e sem graça. Na verdade, esse foi o  apelido carinhoso que meu amigo deu para o jogo. Eu costuma passar o sábado inteiro naquele fliperama, tentei imaginar como seria essa nova máquina e depois de umas três semanas, finalmente chegou o jogo tão esperado: CHELNOV. Ele não me chamou a atenção no primeiro momento, mas quando vi o pessoal jogar pela primeira vez, aí a coisa mudou. O lance é que desde criança eu sempre fui conservador. Me recusava a aceitar o que era novo e a evoluir. Ser saudosista as vezes prejudica muito a visão do futuro e das coisas diferentes. Ainda assim, eu procurava entender o real valor das novidades.

Na trama, invasores acabaram com a vida na terra e sobreviveram pouquíssimas pessoas, incluindo o heroi Chelnov, que foi vítima de um acidente nuclear. O objetivo principal do jogo é aniquilar esses monstros e salvar o pouco que resta do planeta. Ideia bem interessante, né? Hahaha. O jogo tem três botões. Um para atirar, outro para pular e o último para virar o personagem (atacar atrás e pela frente). A tela literalmente empurra o garoto para frente. Não tem como parar, entendem? A menos que coloque o controle para trás a fim de que o personagem fique estático e possa entender melhor a situação dos ataques inimigos. Só quando se chega no chefe da fase que a tela para e é possível movimentar-se livremente. No começo, todo mundo apanhou para controlar o Chelnov porque aquilo era totalmente diferente de qualquer outro jogo anterior. Uma inovação sem igual e que para terminar de lascar tudo, o jogo ainda era difícil. Aquilo era um desafio para mestres ou jogadores muito persistentes e todos queriam fazer o seu melhor para descobrir as fases posteriores e até mesmo chegar no final dele.

Quando eu ouvi a música e vi aqueles chefes, fiquei bem surpreso. Que envolvente! Que música linda, principalmente a da terceira e última fases. A música das outras fases é a mesma e depois de um tempo, começa a ficar enjoativa, apesar de ser tão bem elaborada.

O jogo ficou um pouco deixado de lado por ser um grande caça-níqueis e o marketing dele foi o mais imprevisível possível. Foi lançado um desafio no qual quem terminasse o jogo ganharia 30 fichas e o nome do campeão divulgado na parte superior da marquise do gabinete. Virou uma febre e praticamente todos os frequentadores do fliperama passaram a ter gosto pelo jogo. Ao final de cada fase, aparecia um mapa indicando a localização do nosso heroi. Quem seria o primeiro a zerar? Como era o último chefe? Qual a ligação do jogo com a Estátua da Liberdade? A maioria fracassou, mas...

O visual dos chefes e dos inimigos é muito interessante
Um dia, apareceu um cara disposto a gastar MUITO DINHEIRO para terminar essa pedreira. Ele gastou aproximadamente umas 40 fichas para ser o primeiro desafiante a vencer essa parada. Vocês não têm noção do tanto de gente que juntou para ver a façanha. Eu estava lá e todos torceram muito para ver o fim do game. Ao receber o prêmio, a galera parabenizou o super jogador pela coragem em ter gasto tanta grana para nos privilegiar com belíssimo zeramento do game. O final é trágico e cabe a quem tiver curiosidade conferir no YouTube. 

Versão para Mega Drive:

Cartucho para Mega Drive
Esse jogo teve um reboot em 1992 e eu não tenho palavras para descrever tantas melhorias. Como eu disse acima, há apenas duas músicas durante o gameplay da versão arcade: Fase 1, 2, 4, 5 e 6; 3 e 7. No console, cada fase tem uma trilha diferente e ficaram muito bem elaboradas. O gráfico ficou impecável e o visual totalmente diferente, ou seja, os inimigos e até mesmo o personagem principal ganharam novo design. A história também mudou e o final do jogo também é outro. Conseguiram melhorar o que já era bom e agradou os velhos fãs e atraiu outros novos jogadores. Ficou um show.

O gráfico é lindo. Muito mais rico, colorido e de encher os olhos. Pena que o personagem tenha ficado pequeno e as vezes difícil de se notar
Para finalizar, se alguém acha que já viu de tudo, jogue esse jogo. Termine-o e consagre-se como um grande jogador. É um game para gigantes e persistentes. Diferente, atraente, divertido, bons gráficos, som, música e desafio de alto nível. VÁ FUNDO! Salve o mundo antes que os invasores acabem com ele. :)

3 comentários:

  1. Não conhecia a versão arcade,joguei bastante a versão do Mega.Impressionante como a versão do Mega Drive ficou BEM MELHOR visualmente. Será que temos aqui um caso em que a versão caseira superou a de Arcade?

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    1. A versão original é bem mais antiga. A de Mega saiu 4 anos depois. Com certeza a versão caseira superou a de arcade. De qualquer maneira, adoro a versão arcade dele, até mesmo porque foi a primeira que eu joguei. Também prefiro a jogabilidade arcade porque além de ser mais precisa, os tiros inimigos não são tão fulminantes como os da versão do Mega. Aquilo ficou muito injusto. :(

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  2. Nunca joguei por nunca me interessar por esse jogo, vendo seu review, fiquei com vontade de testar.

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